Invasão belga

Todo mundo a essa altura já está saturado de ouvir falar em cerveja belga. Mas pouca gente dá atenção à gastronomia da Bélgica, que entre vários pratos, oferece um em especial que tem tudo a ver com o clima praiano do Rio. São as Moules et frites, ou simplesmente, mexilhões temperados servidos com batata frita _ que bem acompanhados, são uma das razões para se estar vivo, Nada mais nada menos menos que o prato nacional do país do chocolate (e, vá lá, das cervas), ele vem ficando a cada dia mais presente nos melhores cardápios cariocas.

Elas já estão no menu do Le Vin, no Oia, no Le Bistrot do Cuisiner, mas uma alternativa imperdível é o Frédéric Epicerie,no Leme, onde o chef belga Frédéric de Mayer (que comandou o Eça por 16 anos) capricha no preparo da receita, que leva mexilhões embebidos em vinho, manteiga, alho e outros temperos. Seu caldo tem cubinhos de cenoura, abobrinha e tomate e é tão bom que dá pra tomar como sopa. Não deixe de pedir o aioli da casa, que também é excelente, mas tem que pedir a parte, embora não seja cobrado.

Outro porto seguro é no Escama, do craque Ricardo Lapeyre. Vem com uma espécie especial de aioli, excelente. É tão bom que você vai deixar a vergonha de lado e beber a tigela com o resto do molho no gute-gute. E fechando as dicas, outra opção é o pequeno wine bar Farrapos, no Bairro Peixoto, onde os garçons oferecem um pãozinho, quando percebem que o cliente está terminando, para este raspar o molho _ pode fazer isso, acredite, não é falta de educação e ainda deixa o chef feliz.

Um dos pratos mais populares do mundo, as batatas fritas têm origem incerta e curiosa. De acordo com o historiador da gastronomia Pierre Leclercq, franceses, belgas, russos e alemães reivindicam sua, digamos, autoria. Mas, segundo ele, até o fim do século XVIII as batatas (de qualquer tipo) não faziam parte do cardápio da aristocracia. Eram consumidas pelo povão, assadas, ou em caldos. Foi durante as apresentações de circo e teatro pelo interior da França, quando valia a pena gastar a escassa gordura para fritá-las em rodelas e em grandes quantidades, para vendê-las em sacos de papel, que começaram a ganhar fama.

Por volta de 1840 um músico alemão fracassado chamado Frédéric Krieger conheceu as batatas fritas numa apresentação teatral na França. Foi ele quem teve a ideia de levá-las para as feiras da Bélgica onde, quase como um precursor dos Mc Donalds de hoje em dia, começou a vende-las acompanhadas por mexilhões em uma barraca que batizou de “Sr Fritz” na feira de Liége, cidade da região da Valônia, na Bélgica. Um jornal de 1852 registra a trajetória do empreendedor, que em 1852 já estava estabelecido na cidade como próspero dono do primeiro restaurante com o prato no cardápio,. Logo, as moules et frites estariam sendo vendidas em casas de todo a Bélgica e norte da França.