O RÉVEILLON DO NOVO NORMAL

Em um cenário de incertezas, dá para ter esperança com a volta do maior Réveillon a céu aberto do planeta, depois da virada de 2020 em clima de luto com as milhares de mortes causadas pela Covid-19? O Rio de Janeiro tornou-se o epicentro da variante Delta, considerada a mais transmissível e enfrenta a irregularidade no fornecimento de vacinas pelo governo federal.  
Apesar da preocupação com a nova variante proveniente da Índia, que provocou nova elevação nas taxas de ocupação das UTis na cidade desde julho, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, faz uma projeção otimista para o fim de ano e começo de 2022. Segundo ele, é possível planejar não só o Ano Novo, mas um verão e um Carnaval mais tranquilos para os cariocas e turistas, graças ao avanço da vacinação. Mas faz um alerta:
“A regra agora é equilíbrio, parcimônia, cautela. Claro que todo mundo quer voltar, mas ainda não é o momento. Vai chegar o momento daqui a pouquinho”, disse Soranz em entrevista ao Portal ViDA & Ação, no projeto #PapodePandemia. A expectativa é positiva e reforçada pelos últimos indicadores epidemiológicos que apontam uma queda nos casos, mortes e internações por Covid-19
“Espero que a gente tenha um cenário melhor para o Réveillon e possa ter ano que vem um ano inteiro de eventos, de festas, para compensar essas que a gente perdeu. E também para conseguir voltar ao estilo carioca de ser, de se apresentar, de se abraçar”, completou o secretário.

Passaporte da vacina
O município aposta na precaução para a reabertura total. E começou a exigir no dia 15 de setembro que cariocas e turistas apresentem o comprovante de vacinação para entrar em locais de uso coletivo.
Dos quatro decretos municipais sobre medidas de flexibilização, publicados no fim de agosto, três destacavam a necessidade de comprovante de imunização. Segundo o prefeito Eduardo Paes (PSD), o “passaporte de vacinação” é uma “preparação para a abertura” total do município. No mesmo dia, a cidade iniciou pelo futebol os eventos-teste para grandes públicos no pós-pandemia. Um jogo no Maracanã, para 30% da capacidade de público (cerca de 24 mil pessoas), marcou a medida.  
Paes também falou que quer turista no Rio, mas “turista vacinado”. Soranz, também  cauteloso, prefere esperar os resultados dos eventos-teste antes de uma liberação geral. “É muito importante a gente planejar um futuro melhor, que a gente possa sonhar com dias melhores. Esse planejamento precisa acontecer porque motiva as pessoas a se protegerem agora, pensando num cenário melhor para o futuro. É muito importante ter esperança de ter esse momento sem Covid-19”,
Soranz atribui o clima de otimismo com os novos indicadores epidemiológicos ao sucesso da vacinação, apesar de diversas interrupções no calendário. “A gente acredita na vacina. De fato, ela protege. A gente está vendo outros países em que a vacina tem uma alta cobertura para a redução de internações e de óbitos. A gente espera que isso também seja uma realidade também para a gente, saindo do período de inverno e da variante Delta”, disse.

Praia e eventos ao ar livre
“A praia é um bom local para estar. Locais abertos são melhores que fechados , pois protegem mais contra a transmissão, principalmente quando tem vento, sol, e as pessoas podem se ver sem tanto risco de transmissão”, destaca o secretário. “Mas muita gente no transporte público ou muito próximo na praia é ruim. Tem que saber usar esses espaços com parcimônia. Se for para praia cheia, com muita gente, é melhor não se expor e escolher outra programação”, enfatizou.
Ele lembrou ainda que é fundamental ter equilíbrio na hora de lazer, na caminhada: não esquecer de usar máscara e manter distanciamento social quando for possível. “Quando alguém for na sua casa, é importante fazer um inquérito, saber se tem algum sintoma que pode ser Covid-19; proteger os idosos até que tenham tomado a terceira dose”, recomendou ainda o médico sanitarista.
Controlar a pandemia no Rio não depende só do poder público. A sociedade tem que se conscientizar que a gente hoje vive outra realidade. “Quero que ninguém mais adoeça gravemente ou vá a óbito por Covid. E depois que possamos ter um bom Réveillon, um bom Carnaval, ter dias melhores e mais felizes para aliviar esse momento que ainda está muito duro”, disse o secretário. 

Página 21
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Liesa prepara desfiles nos moldes tradicionais para
fevereiro, mas já tem plano B e plano C

l Se depender da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) – e da animação do portelense prefeito Eduardo Paes – vai ter Carnaval na Sapucaí em 2022, após um inédito ano com a Passarela do Samba fechada por conta da pandemia do novo coronavírus. A entidade anunciou em agosto que os desfiles acontecerão nos dias 25 e 26 de fevereiro para as escolas do Grupo de Acesso e nos dias 27 e 28 do mesmo mês para as agremiações do Grupo Especial. No dia 5 de março está previsto o Desfile das Campeãs.
A organização, inclusive, já iniciou a pré-reserva de camarotes e em setembro começa a reserva de frisas e arquibancadas, que será feita totalmente de modo digital. A Liesa fechou a venda com uma empresa que, segundo a entidade, vai oferecer variedade de opções de pagamento, segurança na transação e boa visualização dos locais a serem adquiridos.
No entanto, um grande dilema habita o mundo do samba: até lá a cidade – que hoje é o epicentro da variante Delta do coronavírus – estará livre da Covid-19? Para entrar na Marquês de Sapucaí, será fundamental avançar com a imunização contra doença. Por meio de comunicado oficial, a Liesa informou que todos os participantes envolvidos deverão cumprir os protocolos determinados pelas autoridades sanitárias na época em que o evento acontecer.  
O diretor de marketing da Liesa, Gabriel David, diz que a liga está preparada para vários cenários atípicos, mas atualmente trabalha com um modelo de carnaval tradicional, sem redução de público ou componentes das escolas. “A Liga só tem capacidade para absorver e obedecer às informações passadas pelo poder público e, de acordo com essas informações, vamos poder ter um carnaval nos padrões normais, tradicionais em 2022”, disse, já levando em conta a questão das variantes de Covid e o avanço da vacinação contra a doença.

Verba para 4 anos
Apesar do otimismo na Liesa, a verba da Prefeitura do Rio para o início dos trabalhos nos barracões das escolas de samba, no entanto, ainda não foi definida.  “A prefeitura entende a importância do carnaval para a cidade e que ela tem demonstrado isso em atitudes. Uma delas foi a assinatura do contrato para o trabalho das escolas de samba, não por um, mas pelos próximos quatro anos, o que dá tranquilidade para a gente trabalhar. Mas a gente conta, sim, com esse repasse da prefeitura, e espera que o prefeito anuncie isso em breve”, disse.

Plano B e Plano C
Se os desfiles não ocorrerem nas datas previstas por causa da pandemia, já há um acordo com a Riotur e com a Prefeitura para que ocorram no segundo fim de semana do mês de julho de 2022. O diretor de marketing da Liesa diz que as escolas têm plano B e C para qualquer que sejam os cenários da pandemia no ano que vem.
“Acreditamos que a pandemia vai estar controlada até o ano que vem, possibilitando os desfiles no modo tradicional. Mas caso não esteja, fizemos um estudo financeiro que permite a manutenção do espetáculo e a redução do público, com a Sapucaí tendo só 70% de ocupação. O plano C é para o caso extremo, de retomada de pandemia, com lockdown, em que faríamos um carnaval digital, voltado para esse ambiente. Mas não temos condições de ficar sem desfilar mais um ano”, completou.
A Prefeitura do Rio também tem planos para a realização do Carnaval de Rua. Segundo orientações publicadas pela Riotur, no dia 20 de agosto, deve haver 40 dias de cortejo pelas ruas da cidade já a partir do fim de janeiro. A conferir – e torcer!