CASABLOCO ESTÁ DE VOLTA

A volta do Carnaval de Rua do Rio de Janeiro, que arrastava multidões, não está garantida para este ano. Pelo menos oficialmente. Muitos blocos já anunciaram que não conseguiram se organizar a tempo, já que a Prefeitura do Rio demorou a tomar uma decisão em relação aos desfiles das escolas de samba, que ficou para para o feriadão de Tiradentes. Mas se a vontade de cair no samba é maior, longe do agito da Sapucaí, a boa notícia é que a CasaBloco, por está de volta e promete um Carnaval inesquecível no Clube Monte Líbano. Após dois anos sem ser realizado, o único festival de ritmos carnavalescos do país chega à sua terceira edição cheio de novidades, nos dias 16, 17, 21, 22, 23 e 24 de abril,. O festival, que não pôde ser realizado em 2020, em razão da pandemia da Covid-19, obedece a todos os protocolos de segurança estabelecidos pela Prefeitura do Rio de Janeiro, incluindo a obrigatoriedade da apresentação do passaporte vacinal na entrada.

“A CasaBloco 2022 será um marco. Depois de quase dois anos da pandemia da Covid-19 e da não realização do carnaval em 2021, o Rio de Janeiro não apenas retoma seus eventos, como o nosso, para a saúde mental da população e da economia criativa da cidade, ainda que de forma restrita e com protocolos. Temos certeza de que será uma explosão de alegria, numa festa possível e que coloca o Rio como protagonista de todos os carnavais do Brasil”, diz Rita Fernandes, idealizadora e diretora do projeto. 

Rita é presidente da Sebastiana, a Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro do Rio, que representa 11 dos maiores e melhores blocos da cidade. No início de março, ela anunciou a decisão da entidade de não aproveitar o Carnaval fora de época porque  o Rio não teria estrutura para receber todos os 600 blocos oficiais durante os quatro dias do feriado de Tiradentes:

Segundo Rita, em condições normais, esses blocos são distribuídos por 45 ou até 60 dias começando pelo Imprensa que eu Gamo – bloco de jornalistas que desfilava duas semanas antes da abertura oficial do Carnaval. Rita disse que uma série de fatores “desanimou” os organizadores a realizarem a festa esse ano, como a proibição dos desfiles dos blocos pela prefeitura e o desastre em Petrópolis, que aconteceu próximo aos dias do feriado oficial de carnaval.

Já a Desliga dos Blocos, outra associação que promovem o carnaval de rua, diz que cada agremiação decidirá se vai ou não para as ruas de forma independente. “A Desliga entende que o povo tem o direito constitucional de se reunir em praça pública e expressar a sua cultura independe de licença ou censura. O que impediu os blocos do carnaval livre de irem às ruas nos dois últimos anos não foi a proibição da prefeitura, mas a consciência que essas aglomerações não eram apropriadas em função da pandemia”, disse a Desliga, em nota. “Assim sendo, independentemente da prefeitura “permitir” ou não, a decisão de ir às ruas será tomada por cada coletivo provavelmente próximo à data e após a análise da oportunidade de fazê-lo”, acrescentou.

INGRESSOS SOLIDÁRIOS PARA AJUDAR CAMELÔS

A CasaBloco 2022 será ainda maior que as edições de 2018 e 2019 e reunirá 33 atrações musicais da Bahia, Minas Gerais, Pernambuco e Rio de Janeiro, em noites com diferentes sotaques e gêneros musicais. Além da expansão do espaço, com o palco e bares em áreas abertas, a programação traz encontros inéditos de artistas e blocos carnavalescos.

As atividades noturnas, após as 18h, serão fechadas, com entrada mediante apresentação de ingresso e comprovante de vacinação. O folião que levar 1kg de alimento não perecível no dia do evento terá direito à meia-entrada solidária, comprada antecipadamente pelo site da Ingresse.com. Os alimentos serão doados para o MUCA RJ – Movimento Unido dos Camelôs, trabalhadores ligados diretamente à cadeia produtiva do carnaval.

ATRAÇÕES: EVENTO PROMETE ENCONTROS INÉDITOS

Além da expansão do espaço, com o palco e bares em áreas abertas, a programação traz encontros inéditos de artistas e blocos carnavalescos. O evento terá ainda a participação dos Clóvis ou Bate-Bolas, em uma iniciativa inédita na inclusão dessa tradicional manifestação cultural do Rio. Durante o dia há oficinas temáticas gratuitas para todas as idades, realizadas no foyer do CCBB.

A abertura acontece no dia 16, com a tradicional lavagem da casa pelo grupo Filhos de Gandhi/RJ, pedindo boas energias e abrindo os caminhos para artistas e frequentadores. A primeira noite, 16, resgata o Baile de Aleluia, importante tradição carnavalesca carioca, com o bloco Quizomba, Orquestra Imperial & DJ Marlboro, Roberta Sá, participação dos Filhos de Gandhi/RJ e o DJ MAM com seu Carnaval Remix.

A segunda noite, 17, é dia de samba, e vem com um show completo de Jorge Aragão. Quem abre os trabalhos é o novo projeto do ator Marcelo Serrado com Édio Nunes, Samba de Vinil, seguido de um dos mais tradicionais blocos cariocas, o Simpatia É Quase Amor. Moacyr Luz e Samba do Trabalhador convida Moyseis Marques para a festa que tem o DJ Doni, que já esteve nas duas edições anteriores da CasaBloco, nas carrapetas.

Na semana seguinte, os ritmos nordestinos marcam o feriado de Tiradentes, 21, com o encontro inédito dos multi talentosos Almerio & Martins. Não poderia faltar a sonoridade de Elba Ramalho e, em seguida, a paulista que mais entende de forró, Mariana Aydar, dona do bloco Forrozim. O Bloco da Terreirada, o músico Gabriel Gabriel e a dupla de DJs Tropicals completam a noite.

Na sexta-feira, 22, é dia de música brega e música regional, para dançar e se divertir ao som de Dona Onete, que pela primeira vez se apresenta com o bloco Bangalafumenga, o inconfundível Sidney Magal, e os blocos Fogo & Paixão e Charanga Talismã e a DJ Tata Ogan.

Sábado, 23, Dia de São Jorge, é noite de carnaval pop com Baby do Brasil, Johnny Hooker, os blocos cariocas 442 e Agytoê; Cortejo Afro direto de Salvador e as DJs pernambucanas Allana Marques e Lala K, que assinam a festa Odara Ôdesce.

O último dia do festival, domingo, 24, retorna ao samba, para a nossa despedida com Diogo Nogueira, Velha-Guarda da Portela, Cacique de Ramos convida Leci Brandão e o mineiro Samba Queixinho, um dos maiores blocos de Belo Horizonte. A DJ Cris Panttoja fecha a programação.

MODA, FEIRA E PERFORMANCES

Além dos shows, toda noite haverá feira de moda e de adereços carnavalescos “A rua é nossa!”, uma parceria com o Instituto Black Bom e apresentará fantasias, adereços, acessórios e produtos para todos os perfis de foliões. Entre as marcas confirmadas estão: Devassa.Com, Figurino Carioca, Olya Neroli, Serena Acessórios, Tampa Coco Chapelaria e Varal da Vall. 

Diariamente, acontecerão desfiles com criações de estilistas e marcas como Walério Araújo, Ateliê Coreto, Xuruca Pacheco, Acre, Diabo Loro, Eduardo Ferreira, Viva! e Jailson Marcos, e da artista russa Olya Neroli, conhecida pela criação de adereços usados por cantoras, artistas populares e foliãs nos principais blocos e festas do Rio de Janeiro. A curadoria é da estilista pernambucana Lu Ribeiro. 

“A rua é nossa!’ reflete o grito da Cultura Popular e da criatividade que pulsa e transborda dela, numa seleção de marcas e criadores que trazem em suas peças a diversidade, a originalidade e alegria das ruas no Carnaval. Em tempos de pandemia, incertezas e ano eleitoral, os temas sérios e polêmicos se transformam em sátiras divertidas nas fantasias e adereços que destacam o brilho, as formas, as cores e a personalidade dessa expressão cultural tão importante para o Brasil que é o Carnaval! Queremos deixar cariocas e turistas prontos para o tão esperado carnaval de 2022”, explica Sami Brasil, curadora da feira.

O evento terá ainda a participação dos Clóvis ou Bate-Bolas, em uma iniciativa inédita na inclusão dessa tradicional manifestação cultural do Rio. Haverá apresentação de fantasias de diferentes grupos de Bate-Bolas (capa, sombrinha, bujão, pirulito), que serão incorporadas à cenografia criada por Patricia Sobral, que remete aos antigos carnavais. É a primeira vez que os Bate-Bolas participam da programação, dando espaço para que o público possa conhecer essa importante manifestação de Carnaval de Rua.

OFICINAS GRATUITAS DURANTE O DIA

Parte da economia criativa do carnaval será apresentada através das oficinas gratuitas realizadas durante o dia no foyer do Centro Cultural Banco do Brasil. Durante todo o segundo fim de semana elas serão oferecidas para o público com capacidade de até 50 pessoas (percussão, samba no pé e perna de pau) e 20 pessoas nas demais (adereços, maquiagem, customização de camisetas, estandarte e acessórios). Para participar, é preciso se inscrever antecipadamente pelo site da CasaBloco (https://casabloco.com/oficinas/).

Na quinta da Inconfidência (21), das 9h30 às 11h30, é dia de botar a mão na massa com a oficina de Adereços de Cabeça, uma tendência dos blocos de rua, com a designer e produtora de conteúdo Amanda Britto do blog Starving. A Oficina de confecção de estandartes, realizada das 12h às 14h, convida o participante a uma viagem lúdica no imaginário popular brasileiro, utilizando técnicas e materiais diversos para mergulhar na sua própria imaginação e criatividade com o artesão Junior Alves, natural de Olinda-PE.

De uma forma prática, de 14h30 às 16h30, a oficina de brincos carnavalescos, com o carnavalesco e aderecista Clebson Prates tem como intuito montar acessórios com sobras de aviamentos e fitas. Ainda no mesmo dia, de 12h às 13h, é a vez de ir às alturas com a oficina de Perna de Pau do Bloco da Terreirada.

Já as oficinas de sexta (22) são perfeitas para quem quer arrasar na hora dos shows da CasaBloco: a oficina de Make para o carnaval com a Amanda Britto será o momento de aprender técnicas e truques para brilhar o ano inteiro. Na oficina de Customização de Camisetas, a artesã e instrutora de customização na Associação de Mulheres Empreendedoras do Brasil (Amebras), Carmem Shirley traz práticas de corte, costura e aplicação de pedrarias.

E para encerrar o dia, será realizada a oficina de Samba no Pé ministrada por Luana Bandeira, musa da Viradouro, e Marcos Bandeira, coreógrafo da União da Ilha do Governador, com influências nas danças de matrizes africanas bem como o jongo, capoeira, dança afro e samba de roda.

Quem fecha a programação de oficinas, no sábado (23), de 13h30h às 14h30h, é o bloco baiano Cortejo Afro, que ensinará sobre a batida percussiva que se diferencia das demais, com uma mistura de ritmos africanos mesclados às batidas eletrônicas e ao pop, intitulada de “revolução musical afro-baiana”.

MULTIPLICIDADE E DIVERSIDADE DE RITMOS

A CasaBloco foi pensada como um lugar para reunir a multiplicidade de manifestações e a diversidade de grupos e ritmos que fazem parte do carnaval brasileiro. Ao lado dos blocos, convidados e anfitriões, artistas da cena nacional se apresentarão em diálogo com essas manifestações, em uma programação inédita.

Realizado em seis dias, a CasaBloco apresentará shows, oficinas gratuitas (percussão, adereços, estandartes, maquiagem etc), encontros de blocos de diferentes regiões da cidade e do país, shows de artistas e blocos, exposições de produtos artesanais de carnaval, performances de artistas, feira de moda e de empreendedorismo com artesãos cariocas e feira gastronômica com a temática da comida de boteco e de rua.

A cenografia foi criada especialmente para proporcionar um clima festivo e destacar o carnaval de rua. Todas as atividades promovidas vão valorizar o carnaval, mostrando a potência do universo artístico e cultural do tema. Além da diversidade de linguagens, a CasaBloco vai destacar a cadeia produtiva do carnaval, da concepção à realização, e empregará mais de 1 mil pessoas no período que contempla a pré-produção, realização e pós-produção.

“O Rio de Janeiro, berço do carnaval de rua, desde os tempos da Colônia, foi o primeiro a ganhar dimensão nacional, se tornando referência para grandes capitais como São Paulo, Salvador e Recife, reafirmando um protagonismo irrefutável e seguindo como um exemplo de carnaval democrático e diverso do seu carnaval. A CasaBloco surgiu em 2018 para reafirmar a importância da diversidade e da democratização do acesso a diferentes linguagens, multiplicando o conceito de que carnaval é de todos e para todos”, conclui Rita.

A edição 2022 da CasaBloco tem patrocínio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, via Secretaria Municipal de Cultura; patrocínio da Ambev, através da marca Brahma, e do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, via Lei Estadual de Incentivo à Cultura; além do apoio institucional do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro.