Vereadores discutem criação de 38 polos gastronômicos no Rio

O Rio deve viver um boom gastronômico sem paralelos, apesar de todos os impactos negativos causados no setor pela pandemia. Bom, essa “realidade paralela” só deve existir mesmo na cabeça de quem analisa o mercado apenas olhando o que acontece na Câmara Municipal. Somente este ano, os vereadores cariocas apresentaram projetos que, se aprovados, criariam nada menos que 38 polos gastronômicos em diferentes regiões da cidade. O problema é que boa parte deles não passa de um aglomerado de bares e restaurantes genéricos, que não refletem nenhuma tendência, modismo ou tradição culinária. O prefeito Eduardo Paes não tem dado refresco, e já vetou 11 dessas iniciativas. Mas alguns edis não desistem.

Transformar uma determinada região da cidade em polo gastronômico significa poder implementar nela uma série de alterações. Dentre eles o aumento das vagas para estacionamento de veículos (inclusive através de intervenções urbanas, se necessário); implantação de sinalização vertical com indicação dos estabelecimentos integrantes do polo; promover a organização de eventos, e o crême de la crême: instalação de mesas e cadeiras nas calçadas.

Dentre as propostas apresentadas estão a criação de alguns polos que, no mínimo, soam um tanto estranhos. Entre eles, por exemplo, o do Calçadão do Metrô da Pavuna, o Largo Maçonaria, em Campo Grande, ou mesmo o da Praia da Reserva, entre a Barra e o Recreio, um local onde praticamente só há quiosques. Aprovados e sancionados oficialmente mesmo, este ano, somente o do entorno do Engenhão, no Cachambi, o da Dias Ferreira e o de Irajá.

O ritmo frenético com o qual essas iniciativas vêm se multiplicando levou alguns parlamentares a tentar pôr alguma ordem na festa. O vereador Paulo Pinheiro (PSOL) apresentou uma iniciativa com regras básicas para o caso da sanção dos novos espaços. Se aprovado, o projeto obrigará os estabelecimentos a respeitar o horário de silêncio, a coleta de resíduos e a livre circulação de pessoas e carros. Segundo Pinheiro, novos empreendimentos são sempre bem-vindos, mas o bom convívio com a vizinhança deve ser uma prioridade.