REGIÃO SERRANA DO RIO GANHA DESTAQUE NA PRODUÇÃO DE MEL 

Por Chico Júnior

Embora a produção de mel no Rio esteja espalhada por todo o estado, segundo dados do relatório de Pequenos e Médios Animais da Emater-Rio, órgão vinculado à Secretaria de Agricultura, a apicultura fluminense concentra a sua maior produção na região serrana, onde 200 apiários produziram, em 2021, 62,8 toneladas de mel. Na região, o maior produtor é Teresópolis, com 10,9 toneladas produzidas por 45 apiários. Segue-se Nova Friburgo, com 5,9 toneladas e 23 apiários.

A produção apícola fluminense, em 2021, foi de 337,3 toneladas de mel (um crescimento de 8% em relação ao ano anterior), produzidas por quase 19 mil colmeias registradas pelos 903 apicultores ativos no RJ. Esse volume gerou o valor de R$ 13,4 milhões.

Alguns produtores da região serrana, porém, tiveram queda na produção. Segundo o apicultor Dalton Gripp, de Nova Friburgo, essa queda deveu-se, principalmente, ao excesso de chuvas.

“Embora fracas, as chuvas duravam vários dias e as abelhas não conseguiam extrair o néctar das flores”, diz Dalton.

Por conta disso, a sua produção em 2021 foi de apenas uma tonelada.

Dalton, que produz mel desde 2000, é proprietário da Agro Gripp’s, que, além de mel, produz uvas e amoras, vendidas in natura e como geleias.

Seu apiário fica na charmosa estrada Terê-Fri, que liga Teresópolis a Nova Friburgo.

Segundo a Secretaria de Agricultura do estado, em 2021 o município que mais produziu mel foi São Fidélis, no Norte Fluminense, com 32,5 toneladas. Seguem-se Paty do Alferes (24,5 toneladas) e Rio Bonito (21,3 toneladas).

Apiário Amigos da Terra

Boa parte do mel que adoça a boca de milhares de pessoas nas cidades do Rio de Janeiro e de Nova Friburgo é produzida pelo Apiário Amigos da Terra, um belo recanto cercado por Mata Atlântica em Friburgo. O apiário foi criado em 1990 pela bióloga Clarice Líbano e o veterinário Luis Moraes, que viam o potencial do mel como alimento nutritivo.

O local onde está situado o apiário abriga a fábrica, a loja, um bonito lago e o primeiro ecomuseu apícola do Estado – o Museu do Mel. Lá é realizado um passeio cultural no qual os visitantes conhecem um pouco da história das abelhas e do mel.

Criado em 2014, o Museu do Mel é um dos principais atrativos do Circuito Turístico Terê-Fri. Tem como objetivos principais: educar, capacitar, conscientizar, promover e valorizar a biodiversidade de abelhas e plantas nativas, seus produtos e ecossistemas associados, através da produção de estudos, pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, difusão de informações técnicas e científicas, comprometidos diretamente com a defesa, preservação e conservação do meio ambiente.

Um detalhe interessante é que “na pandemia tivemos um aumento de consumo de mel e própolis – que são produtos que têm propriedades de aumentar a imunidade – da ordem de 50%”, informa Luis.

Mel de Teresópolis

Um dos principais produtores de mel do estado é o filósofo e hoje apicultor Adriano Rodrigues, que, junto com a psicóloga Lúcia Helena Munch, fundou em 1999 o apiário e agroindústria familiar Serras Verdejantes, com uma proposta ousada: convencer produtores rurais da região a desenvolverem projetos apícolas, nos quais a proposta seria que “esses pequenos bolsões da Mata Atlântica tivessem uma justificativa lógica de se manterem preservados”.

A iniciativa deu tão certo que, hoje, são cerca de 20 fazendas-parceiras produzindo o mel.  Junto com a produção de Adriano e Lúcia, são comercializadas entre 15 e 20 toneladas/ano sob a marca Mel de Teresópolis.