Dicas para o fim de semana de 15 e 16/1

O mar está para peixe em 2022. Pelo menos é o que garantem alguns dos principais críticos gastronômicos da cidade, com um olho na tendência sinalizada pelo mercado e seus mais recentes empreendimentos, e outro, nos desejos dos consumidores. E nesta edição das nossas dicas para o fim de semana, resolvemos listar alguns dos mais bacanas e novíssimos restaurantes de frutos do mar do pedaço. Afinal, uma cidade praiana como o Rio de Janeiro não tem como virar as costas para o mar quando o assunto é comida de qualidade. Delicie-se!

            Cariocas em geral, quando pensam em pescados fresquíssimos, lembram logo dos restaurantes da região de Vargem Grande e Guaratiba, nascidos da tradição pesqueira da região. Em comum o ambiente rústico, e, sem dúvida a qualidade dos pratos. As opções vão desde o já clássico Cantinho da Tia Penha (Estr. Roberto Burle Marx, 10815, Barra de Guaratiba, telefone: (21) 2410-1425), com 30 anos de história e uma referência na região. É um dos melhores lugares da cidade para comer caranguejos toque-toque, naquele estilo lambuzento e delicioso, chupando as perninhas. Uma porção com quatro sai a R$ 66, mas recomenda-se ligar antes para saber se estão disponíveis no cardápio do dia.  E já que estamos no quesito tradição seria um pecado não citar o Tia Palmira (Caminho do Souza, 18 – Barra de Guaratiba, telefone (21) 96990-4589, com seus mais de 60 anos de bons serviços prestados na produção de pasteis de moquecas de primeiríssima. E ok, você não vai brigar conosco por não citar o Bira de Guaratiba (Estr. da Vendinha, 68 – Barra de Guaratiba, tel: (21) 24108304), fundado em 1991 e famoso pela vista deslumbrante da restinga de Marambaia, caipirinhas de primeira e pratos fartos, que servem até três passos. E quem tem recebido muitos elogios recentemente é o Rancho Petisco (Estrada Roberto Burle Max, 1533 Barra de Guaratiba, tel: (21) 2410-1656), com suas caldeiradas e um pastel de camarão que quem provou afirma não existir outro igual na praça.

Caranguejos toque-toque: destaque da Tia Penha

            Mas quem não quiser dirigir até a Zona Oeste, pode aproveitar e conhecer um restaurante recém-aberto e que já está sendo cotado como uma das grandes surpresas para 2022. Exatamente no mesmo lugar em que abriu, há sete anos, seu Sabor D.O.C, na Dias Ferreira, Leblon, agora seu vizinho, Marcelo Malta inaugurou o Sabor das Águas (Rua Dias Ferreira, 605 – Leblon, Tel: (21) 3088-8334). O conceito é inovador. Se o dry aged está na moda quando o assunto é carne, o método também pode ser aplicado, com mais delicadeza, certamente, nos pescados. Os peixes são maturados, por enquanto só por uma semana, mas há vários testes em andamento. Eles ficam pendurados, inteiros, ou em filés, como o atum que matura com grãos de arroz, numa técnica de conserva que remete ao nascimento do niguiri. Alguns itens são vendidos por peso, de acordo como o preço do dia. Um dos destaques é o “polvo à passaralho”, como o nome sugere, com alho…à beça!

            Um dos principais sinais dessa tendência dos restaurantes de frutos do mar surgiu pouco antes da pandemia, com a inauguração no fim de 2019 do excepcional bar e restaurante paraense Pescados na Brasa (Rua Vitor Meireles, 92 – Riachuelo. Tel.: 2239-9540). No cardápio, pastéis de camarão com jambu (famosa erva do norte que dá uma leve sensação de adormecimento na língua) e o pintado na brasa, acompanhado pelo imperdível arroz paraense, com camarão seco, jambu e tucupi, são opções saborosíssimas. Mas entre as novidades para o ano que se inicia estão ainda a inauguração do Ginga, quiosque em Copacabana especializado em pescados, que foi tema deste post aqui na Rio Já. E, cercado de segredos expectativas, está a futura inauguração do novo restaurante de frutos do mar liderado por Janine Sad, da Cavist (rede de lojas de vinhos e restaurante) que vai abrir as portas onde funcionou o Zuka, no Leblon.

A comida paranesa é o destaque do Pescados na Brasa

            Nossa lista não ficaria redondinha se a gente não citasse outras casas fundamentais como a Petisqueira Martinho (Praia do Jequiá 33, Ribeira, Ilha do Governador. Tels.: 3298-5518 e 3298-5519), com um dos melhores bolinhos de bacalhau do pedaço, e que fica imbatível com a pimenta oferecida pela casa: “Ardência no Regaço”, da Cia das Ervas. O nome é autoexplicativo. Também em ambiente familiar, sem grandes luxos, o bom e velho Berbigão (Rua do Catete, 150, Tel: (21) 2205-7245) tem ambiente descontraído espalhado por três andares e faz um camarão à milanesa com arroz de brócolis muito interessante. E retomando a linha tradicional, o pequeno Shirley (R. Gustavo Sampaio, 610 – Leme. Tel: (21) 2275-1398), fundado há mais de 60 anos por Estrela Sánchez, espanhola da Galícia, e batizado em homenagem à atriz americana Shirley Temple, continua oferecendo gastronomia de primeira. A fachada simples contrasta com a riqueza dos pescados e crustáceos frescos expostos para a escolha dos clientes. As paellas (para duas pessoas) são um capítulo especial no cardápio, mas a sugestão é pedir o famoso Camarão à Shirley, e descobrir que a fama do prato não é à toa. os crustáceos recheados de catupiry são empanados e servidos com arroz de passas. Apesar de indicado para um, o pedido é bem fornido e vale ser dividido, principalmente depois de uma entrada.

camarão à milanesa com arroz de brócolis: pedida certa no Berbigão

Mas se além de comer bem, o ambiente for um fator determinante na sua escolha, O Satyricon (R. Barão da Torre, 192 – Ipanema. Tel: (21) 2521-0627) não é um dos campeões de títulos quando o assunto é frutos do mar à toa. Um dos segredos do sucesso está na matéria-prima, que chega diariamente do litoral fluminense direto para as mesas e os aquários do restaurante fundado pelo restaurateur italiano miro Leopardi, já falecido. Outro são as receitas que passam ao largo de modismos e invencionices da estação, como o marenostrum, uma seleção com atum, salmão, robalo, pargo, olho-de-boi, tartare de salmão e atum, tudo delicadamente temperado e deliciosamente cru. O carro-chefe da casa continua sendo o pargo ao sal-grosso, que se tornou um clássico. Uma alternativa também bacanuda é o Margutta (Av. Henrique Dumont, 62 – Ipanema. Tel: (21) 2259-3718), fundado por um craque de uma geração de chefs italianos que fizeram história no Rio com a cozinha mediterrânea, baseada nos pescados frescos em preparos simples e precisos: Paolo Neroni. Destaque para o famoso (e delicioso) pargo alla neroni, que traz o peixe inteiro assado em vinho branco com alecrim, tomate sem pele e batata. Na ala dos risotos, a versão de frutos do mar com tinta de lula se sobressai.