UM FIM DE SEMANA PARA O ROMANCE EM TORNO DO FONDUE

Paulistas brincam que basta o termômetro bater os 20 graus que o carioca resolve combinar de comer fondue. Há um certo fundo de verdade na blague. Nesses raros dias de friozinho maroto, bate uma saudade danada da Casa da Suíça.  Fundado em 1956 no mesmo edifício do Consulado Suíço, na Glória, além da fondue, tinha pratos que encantavam foodies de todas as idades, como o filé a Moscovita, flambado na mesa de forma espetacular, quase circense. Outra atração era o ex-mâitre Volkmar Wendlinger, que acabou se tornando dono da casa. Era um daqueles mâitres figuras, que circulavam de mesa em mesa, puxando papo ou cuidando de cada detalhe. Nos salões decorados com sobriedade e luz baixa, não foram poucos os romances iniciados ali. Só entende quem namora. Mas depois da morte de Volkmar, em 2017, seus herdeiros não souberam tocar o negócio, e a Casa da Suíça terminou de forma melancólica, com funcionários dando com a cara na porta trancada e a Comlurb sendo chamada pelo consulado para retirar produtos vencidos e já fétidos. Tristezas à parte, podemos não estar na Basiléia, mas o Rio tem sim lugares bacanas para comer fondue nesse fim de semana frio _ seja com aquela pessoa especial, ou apenas para uma baguncinha divertida com as crianças. Aproveite.

Sem a Casa da Suíça no páreo, o título de mais tradicional restaurante carioca com fondue no cardápio naturalmente recai no Os Esquilos, que inclusive é até mais antigo que o restaurante mencionado anteriormente. Em 1942, o italiano Hugo Busca desembarcou no Porto do Rio de Janeiro, vindo de Turim (Itália) com a fama de ser um grande cozinheiro. Tendo feito vários jantares para a alta sociedade carioca, conheceu Getúlio Vargas em 1944 e, no ano seguinte, ganhou do mesmo a concessão para explorar o restaurante, que seria inaugurado onde até então funcionava a casa dos administradores da Floresta da Tijuca.  O fondue à beira da lareira é uma das coisas a se fazer uma vez na vida no Rio. Para chegar lá, basta ir até a Praça Afonso Viseu (a Praça do Alto), entrar pelo portão principal da Floresta da Tijuca e 2,5 km acima encontrar o Restaurante. É só seguir as placas que não tem erro. Recomenda-se reservar antes, dada a procura em dias com esses. Ah! E levar também no carro um casaquinho extra.

Aproveitando clima aconchegante e romântico de frio na montanha, na Praça do Alto você também poderá encontrar bons fondues no Bar da Pracinha, fundado também na década de 1940. Além da qualidade dos fondues de carne, queijo e chocolate, há pratos com carne de avestruz. A carta de vinhos é de responsa e as sobremesas, o estado da arte. Uma curiosidade: o chafariz da pracinha é uma das joias da arquitetura carioca. Construído por Grandjean de Montigny, ficava na Praça XV até ser substituído pela estátua do general Osório, erguida em homenagem aos feitos do militar na Guerra do Paraguai.

Inaugurado em 1967 pelo austríaco Johann Srch e sua mãe Eugenie, e considerado um dos mais românticos restaurantes da cidade, o Hansl (R. Prof. Júlio Lohman, 132 – Joá, tel: (21) 2493-0279), situado no Alto Joá, com uma vista deslumbrante para a Barra da Tijuca, é o local perfeito para um jantar à luz de velas. O ambiente é ideal para surpreender a pessoa amada, com clima romântico e um cardápio premiado, além de uma variada carta de vinhos. O menu tem 12 opções de fondues salgados (entre elas o de camarão e o de frutos do mar) e três doces.

Mas se subir o Joá ou o Alto da Boavista não está nos seus planos, o Páreo, localizado na sede do Jockey Club Brasileiro, no Jardim Botânico, oferece, além de uma das vistas mais conhecidas da cidade, quatro versões de fondues para estes raros dias frios do ano. Servidas em porções para duas pessoas, as delícias prometem agradar todos os gostos. Entre as proteínas, as opções são filé mignon e salmão crocante, ambos acompanhados de seis tipos de molhos – aioli, curry, bernaise, mostarda, teriyaki de goiabada e rosé – além de batatas rostie. Para quem não dispensa o clássico, a sugestão é o fondue de queijo feito com base nos queijos gouda, gruyère e emmenthal, que chega à mesa com uma cesta de pães, aipim, cenoura e aipo. E para finalizar com chave de ouro, uma bela pedida é o de chocolate com frutas como morango, uva, pera, banana e maçã. O Páreo fez ainda uma parceria com a Grand Cru para sugerir alguns vinhos que harmonizam bem com o prato e cabem em todos os bolsos.

Já o pessoal da Barra da Tijuca e adjacências pode aproveitar que o argentino Gran Parrilla (Av. Lucio Costa 8000, Barra, tel: (21) 2433-1730) lançou um minifestival de fondues. Entre as atrações, novidades como fondues com linguiça calabresa e até de queijo com coxinhas de galinha! Há uma versão light com brócolis e ovos de codorna e em vez da tradicional panela de óleo, você pode pedir fondue na pedra. Os doces têm tubetes de marshmallow para mergulhar no chocolate. E já que estamos na Barra, na Casa do Alemão (Av. das Américas 1.699 – Loja C, Barra da Tijuca. Tel.: (21) 2497-2629) prato é servido com um mix de salsichas alemãs em miniatura e pães artesanais.