UPGRADE NO BECO DO RATO

Inaugurado inicialmente como um depósito de bebidas em um espaço até então desprezado da Rua Joaquim Silva, na Lapa, o Beco do Rato cresceu, virou bar, endereço de uma das melhores rodas de samba da cidade, e não demorou muito tempo para figurar na lista dos “dez mais” de qualquer boêmio carioca. O Butiquim (a grafia do nome é assim mesmo, com acentuado sotaque guanabarino), sobreviveu a invasão do bairro pelos bares de grifes, mas aproveitou a pandemia para ampliar seu espaço. Lúcio Pacheco, filho dos fundadores e um dos donos da casa, alugou um casarão vizinho, e, para alegria de seus entusiastas, praticamente dobrou a sua capacidade de atendimento.

Lugar de música boa, cultura, gente bonita, personalidades, cerveja geladíssima e ótimos petiscos, o Beco do Rato ganhou fama pelas rodas de samba de primeira e apresentações de nomes como Luiz Melodia, Toninho Geraes, Wilson Moreira, Tia Surica, Beth Carvalho, Wanderley Monteiro, Iracema Monteiro, Zé Luiz do Império, Paulão Sete Cordas e o saudoso Walter Alfaiate, entre muitos outros, que provocavam filas na porta.

“Em dias de grande público conseguíamos receber cerca de 450 pessoas, e muita gente ficava de fora, agora poderemos receber até 800”, conta a produtora Janine Gall. A divulgação está sendo feita aos poucos, para evitar grandes aglomerações nesses tempos pandêmicos, mas o Beco vem devagar, devagarinho retomando as rodas de samba e até Moacyr Luz tocou lá recentemente com seu Samba do Trabalhador _ e, anote na agenda, vai tocar por lá de novo no dia 17/12.

O carro-chefe da cozinha da casa continua sendo o pastel de angu, criação de escravos mineiros, que o inventaram com o intuito de aproveitar as sobras de fubá. A receita nasceu na pequena cidade de Itabirito e o itabiritense, Márcio, pai de Lúcio e fundador do Beco, trouxe a iguaria para o Rio. Outro belisquete imperdível é o caldinho de camarão “Que a onda leva”, que é melhor do que o famoso salgadinho, mas também é impossível comer um só.

Enquanto a pandemia não termina, o Beco tem aproveitado mais o espaço para gastronomia do que necessariamente para rodas de samba. O chef Mareia ampliou o cardápio, de olho no público mais família que frequenta a casa na hora do almoço, acrescentando novos salgadinhos, além de massas e pratos de carne de saída rápida, como costelas com molho. Mas não se preocupe. No Beco, simplesmente tudo é bom.