SUOR, CERVEJA E VACINA NO BRAÇO

Por Rosayne Macedo

Mesmo adiado, de forma inédita, para o período de feriado de Tiradentes, no mês de abril, o Carnaval carioca 2022 não precisa deixar de ser o espetáculo de catarse coletiva de sempre, mais ainda após um ano de jejum forçado em 2021.  Mas o carnaval fora de época no Rio de Janeiro ainda deverá ser marcado por muita cautela, dependendo da evolução do cenário epidemiológico até lá.

 De acordo com a Prefeitura do Rio, todos os protocolos e recomendações dos órgãos competentes serão seguidos para garantir que as apresentações aconteçam de forma segura. Até abril, é possível que o uso de máscara já esteja descartado, mas o comprovante de vacinação contra a Covid-19 será exigido já na entrada da Marquês de Sapucaí. A Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) oferece em seu site um canal direto para esclarecer dúvidas e orientar sobre a compra de ingressos.

O ponto alto da festa é a apresentação das escolas do Grupo Especial, que desfilam nos dias 22 e 23. Na sexta, se apresentam Imperatriz Leopoldinense, Mangueira, Salgueiro, São Clemente, Viradouro e Beija-Flor de Nilópolis. No sábado, será a vez de Paraíso do Tuiuti, Portela, Mocidade Independente, Unidos da Tijuca, Grande Rio e, fechando, Vila Isabel.

O tradicional desfile das Campeãs, quando as seis melhores colocadas voltam ao Sambódromo, para alegria de suas torcidas, está marcado para o sábado (dia 30). Os ingressos que já foram vendidos passam a valer automaticamente para as novas datas.

Na Marquês de Sapucaí, os camarotes prometem ferver, como sempre, ou talvez  um pouco mais, especialmente nos dias dos desfiles do Grupo Especial (sexta e sábado). Além de oferecer uma visão privilegiada, os espaços climatizados reúnem muita comida e bebida, com open bar, serviço de garçom e buffet, além de shows nos intervalos dos desfiles. Alguns camarotes ainda têm ingressos à venda e os preços podem chegar a R$ 3 mil por noite.

Para os responsáveis pela folia privada, o adiamento não alterou tanto a

programação. A principal mudança mesmo será a exigência do comprovante de vacinação para entrada no Sambódromo e também a realização de testes em casos específicos nos camarotes.

Para garantir a segurança das escolas e dos foliões, o cenário dos tradicionais desfiles de Carnaval no Rio passou por reparos no sistema de drenagem de água das chuvas e ganhou um sistema de prevenção e combate ao incêndio. A pista da Marquês de Sapucaí foi recapeada.

O ano do baile de máscaras

Os desfiles na Sapucaí estão adiados para abril e o Carnaval de Rua foi descartado para evitar uma contaminação em massa pela variante ômicron, considerada a mais transmissível. Mas com o feriado nacional mantido no dia 1º de março, coincidindo com o aniversário da cidade do Rio de Janeiro, e o ponto facultativo em repartições públicas na véspera (28 de fevereiro) e na Quarta-Feira de Cinzas (2 de março, em meio período), muitos cariocas e fluminenses pretendem vestir a fantasia e cair no samba antecipadamente.

Haverá blocos, digamos, clandestinos, como se fosse possível, em diferentes pontos da cidade e até bailes na Marina da Glória, com ingressos entre R$ 260 e R$ 920. O misterioso Baile Oculto de Carnaval é um dos mais esperados – o local só será divulgado duas horas antes do evento. 

O portelense Eduardo Paes já avisou que vai botar água no chope dos foliões.  Mas é por uma boa causa. “Peço àquelas pessoas que pretendem participar de festas, bailes de carnaval não regularizados e autorizados, que não caiam nessa conversa. Vamos agir muito forte para impedir que as pessoas se matem”, disse o prefeito. Apesar da advertência, a ousadia de um grupo de foliões ansiosos já deu o tom do que promete ser o ‘Carnaval sem Carnaval’ na cidade, mostrando que a prefeitura vai ter trabalho. O bloco ‘Não adianta ficar Putin’– criado para zombar da ameaça de uma nova ‘Guerra Fria’ entre Rússia e Estados Unidos diante da possível invasão da Ucrânia – saiu na frente e desfilou pelo Centro do Rio no sábado (foto ao lado).

Se manter o distanciamento social parece impossível, o jeito é certificar-se se o local está autorizado pela prefeitura, carimbar o passaporte vacinal. E na hora da fantasia, é bom não esquecer da máscara, que segue mantida em locais fechados, como clubes e boates.  Muitos cariocas e fluminenses também planejam aproveitar o feridão de Carnaval para viajar para o interior do estado e escolheram municípios que ficam no litoral, como Armação dos Búzios, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Paraty e Angra dos Reis, nas regiões dos Lagos e da Costa Verde. Empresários do setor hoteleiro estão rindo à toa.

Está proibida a hospedagem e a circulação em pontos turísticos e a entrada em festas, teatros e cinemas de quem não se vacinou. A dose de reforço também será exigida para quem tem mais de  50 anos. Turistas que não estiverem com a vacina em dia terão a oportunidade de tomar a dose de reforço. Não será exigido comprovante de residência e o turista pode se dirigir a um dos 240 postos de atendimento instalados na cidade.