QUEM TEM BOCA VAI AO BOCCA

O recém-inaugurado Bocca del Capo é singular. Uma irreverente mistura de restaurante e bar, instalada onde, por 12 anos, foi o endereço da Prima Osteria & Bruschetteria, no Leblon. Por lá, tudo é pujante e nos remete a uma atmosfera cinematográfica, dos detalhes art decó na decoração à playlist com sotaque disco dos anos de 1970; da criatividade e exagero dos pratos à inventiva carta de drinques – com nada menos do que nove tipos de negronis. E neste domingo, 16 de outubro, das 12h às 18h, quem ainda não conheceu o bar e restaurante italiano terá uma boa oportunidade. O “Bocca na Porchetta” é uma tarde para degustar comidinhas de rua nas mesas da calçada, ali bem perto da praia.

No Bocca, o cardápio é enxuto e, traz aquilo que todos adoram comer e beber, mas sempre com um toquezinho a menos de purismo. “Queremos estar livre de amarras, sem seguir necessariamente regionalismos ou especialidades.”, explica o chef Erik Nako. A ideia é inovar com um tanto de alegoria e transgressão da gastronomia clássica italiana, inclusive se valendo de alguns dos melhores ingredientes que o Brasil tem a oferecer. O parmesão dá lugar ao premiado queijo Tulha, da Fazendo Atalaia (SP), por exemplo. Por que não? Revoluções com conteúdo são bem-vindas no menu.

Logo na entrada, uma vitrine rotativa de crudos com carnes, peixes, frutos do mar, degustações de salumeria e queijos locais de pequenos produtores, numa celebração recorrente da união entre mar e terra. Na seção de antipasti, adjetivos como “molhudo”, “queijudo” e “lambuzante” enfeitam a leitura do comensal.  Aqui o Arancino é Pornô, na forma de um “bolão cilindriforme” de risotto de cogumelos trufados, em que o recheio de queijo scamorza estica e puxa desperta a cobiça no olhar da mesa ao lado. No Funghi, uovo, lardo, uma bela fatia de brioche tostada absorve a manteiga onde os cardoncellos frescos foram salteados, levando ainda um ovo perfeito e toucinho curado por cima.

Dentre os pratos, destaque para o Pappardelle e Costata, massa larga e achatada com ragù de costela, preparado por nada menos que quatro dias, gratinado com cebolas caramelizadas em cerveja IPA, crocante de milho e cacau. O preparo mais minimalista e delicado da casa carrega uma homenagem ao restaurante Il Vero Alfredo, localizado na capital da Itália. O Alfredo de Tulha e Pepe é finalizado na frente do cliente, como si fa a Roma. É uma versão da receita clássica com manteiga, pimenta do reino e queijo Tulha. Já o carbonara da casa é um festival de sabor e ganhou o nome de Il Caponara. Leva dois cortes diferentes do porco: o tradicional guanciale (bochecha curada de pequeno produtor) e uma porchetta de barriga assada. Ralada por cima, uma “bottarga de galinha”, gema curada que leva duas semanas para ficar pronta. O Milanesa Alla Cavallo acompanhado de batatinhas assadas, rúcula, também conta com o serviço do garçom na finalização do ovo perfeito, com o pesto de cogumelos trufados e mais Tulha.

As massas recheadas merecem atenção, como o Ravioli di Gamberi, ravióli de camarão, com couve crocante e creme delicado de mascarpone, bottarga caseira (dessa vez de peixe, também produzida lá) e laranjinhas kinkan conservadas em sal, no estilo marroquino; ou o Agnolotti de queijo de cabra com pesto trapanese (como preparado na cidade siciliana de Trapani), tomatinhos assados, pimentas de cheiro e mini abobrinhas crocantes.

No capítulo de sobremesas, a Torta Al Formaggio vem em versão de uma cheesecake basca de coração mole, com compota de laranjas de Itaipava e pistaches. E, claro que não poderiam faltar os cannoli, que ganharam um toque regional; o Cannoli di Minas vem recheado com creme de ricota, doce de leite, banana assada e finalizados com paçoca e besuntados com uma calda de doce de leite, flor de sal e cachaça.

Mergulhando cada vez fundo na área, Cristiano Lanna se divertiu na carta de bebidas para manter el Capo felice. São nove versões do negroni, do Bianco, preparado com Bitter Bianco Luxardo no lugar do Campari, ao Nero com uísque defumado, single malt e marsala, além do vermute e Campari. E oito drinques autorais como o La Bocca, feito com pisco, siciliano, vermute dry, caldas de frutas vermelhas e clara de ovo, e o Il Capo com gin em “fatwash” de azeite extra virgem, vermutes bianco e dry, marsala seco, bitters de laranja e azeitona preta.

A grande adega suspensa instalada no alto do bar, mostra que a casa também teve um carinho especial com os enófilos de plantão, em uma seleção certeira de 50 rótulos, com brasileiros em evidência na seção de naturais e outros que viajam do sul ao norte da Itália, incluindo quatro grandes ícones.

SERVIÇO:

Rua Rainha Guilhermina, 95 – Leblon. telefone: 21. 3592 0881

Horário de funcionamento:  de segunda a quarta – das 12h às 23h

de quinta a sábado – das 12h às 24h

domingos – das 12h às 22h

Instagram: @boccadelcapobar