Ricardo Bruno – Chefe de redação
A primeira impressão era de um factóide bem-humorado, no estilo notabilizado por Cesar Maia, que Eduardo Paes adota de vez em quando. Mas viu-se, em seguida, inclusive em entrevista aqui publicada com o prefeito, que a ideia é mais séria do que parece: tem lógica a reivindicação apresentada ao governo federal de fazer do Rio de Janeiro a “capital honorária do Brasil”.
Antes de mais nada, seria um reconhecimento justo da importância da cidade que representa uma síntese perfeita do que o Brasil tem de melhor (por vezes, infelizmente, de pior). E ninguém pode esquecer que o Rio já foi capital de verdade por longos 197 anos, de 1763 a 1960, quando perdeu o posto para Brasília.
Perdeu a função oficial, mas manteve por aqui inúmeras instituições federais importantes, empresas estatais do peso da Petrobras, um grande número de servidores e, no imaginário dos estrangeiros que nos visitam e se interessam pelo Brasil, nunca deixou de ser a cidade mais representativa e cosmopolita do país. Para efeito de comparação, é correto lembrar que, ainda que Washington seja a sede administrativa dos Estados, a capítal de fato do país, por sua importância, é Nova York.
Brincadeira ou não, especulação pura ou válido exercício de análise, a “Rio Já” adotou o assunto como capa desta edição. Resolveu mostrar que motivos o Rio tem para ser a capital honorária do Brasil. E decidiu ilustrar, no texto de Lucila Soares, as melhores qualidades do Rio, amparadas em imagens capturadas por Custodio Coimbra, o melhor fotógrafo da cidade e um dos melhores do Brasil.
Ninguém fotografou o Rio melhor do que Custodio, que ao longo de décadas de trabalho no Globo criou um acervo de imagens tão rico que é mais perfeita representação das belezas da cidade e da alegria do povo carioca.
Sem dúvida, além das maravilhas do relevo, das praias e da arquitetura, o carioca é o que o Rio tem de melhor a ser enaltecido, como mostram o texto e as imagens desta reportagem. As cenas captadas por Custodio são poesia pura, para admirar e guardar.
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A “Rio Já” 42 faz mais do que exaltar a cidade que, capital ou não, adotou como sua. Ousa cometer uma discreta jactância, vangloriando-se da reinauguração do Palácio Capanema. Afinal, a luta pela recuperação do edifício que é ícone do modernismo brasileiro, e sua devolução ao povo, foram motivo da reportagem inaugural desta revista. Uma batalha que nós podemos dizer que vencemos. O Capanema é nosso, como celebra o texto de Jan Theophilo.
Mas há muito mais nesta edição. Fotografia, relevante na reportagem de capa, é tema da matéria de Aydano André Motta sobre uma exposição que revela a verdadeira face do Carnaval, trabalho de mais de uma década de um fotógrafo italiano que por aqui chegou e se apaixonou.
Visitamos a Baixada Fluminense para descobrir que Nova Iguaçu é sede de um centro de bruxaria do bem – o Tear das Feiticeiras, mostrado por Luisa Prochnik.
Bruno Agostini recua até a sua infância para produzir uma crônica em que, embalado pelo “rigoroso inverno” que se aproxima, lista e oferece ao leitor os melhores restaurantes para comidas que nos embalam no frio – como rabada, ossobuco, costela, peito, paletas de cordeiro, dobradinhas e coxas de pato.
Instalada a estação fria, o Rio se entrega às festas juninas e julinas, que o carioca adora, e Caroline Rocha apresenta um serviço dos melhores, mais tradicionais e até os mais heterodoxos arraiás da cidade.
E nós também festejamos a recuperação do luxuoso palácio de Brocoió, que vai virar centro de pesquisa para despoluição da Baía de Guanabara, assim como brindamos o leitor com uma visita a uma das cinco praias mais bonitas do mundo: o Pontal do Atalaia, no relato de Marcelo Macedo Soares.
Boa leitura!