PRAZER NAS ALTURAS: CONHEÇA OS MELHORES TERRAÇOS DO RIO

O terraço do Novotel, no Leme

Bruno Agostini

Em Nova York eles já estão fechados, por conta do frio. Mas, no Rio eles funcionam o ano inteiro. Tendência de alguns verões passados em Manhattan, os rooftops, ou terraços em língua nativa, estão em alta também por aqui, quase todos ocupando os últimos andares dos hotéis da orla, valorizando a vista do mar. Se esses terraços estão abertos de janeiro a janeiro, é no verão que as coberturas dos hotéis da cidade mais estão bombando, com bares e restaurantes fervilhando de gente. Em vários deles, há festas, DJs, música ao vivo e outras atividades, sobretudo a partir do pôr-do-sol, quando a vista privilegiada que esses lugares oferecem fica ainda mais bela, com as luzes do entardecer – e que entardecer é esse que temos aqui! Se a paisagem é especial, o paladar também agradece, e encontramos um cardápio gastronômico variado.

Xian: pan-asiático junto ao santos Dumont

Localizado no alto do Bossa Nova Mall, na cobertura do hotel Prodigy Santos Dumont, o Xian tem na vista de frente para o Pão de Açúcar um dos seus atrativos. O lugar recebe cariocas e turistas, porque além do panorama privilegiado, a cozinha pan-asiática mostra muita competência, sob o comando do chef Ignácio Peixoto, que já passou pelo Grupo Irajá. O cardápio é variado, com destaque para as receitas de peixes e frutos do mar, incluindo especialidades do sushi bar; além de criações da casa, passeando por pratos também com influências chinesas e tailandesas, como as ostras marinadas em molho ponzu; o  “hit de polvo”, de fato um sucesso, com tentáculos laminados sobre cubinhos crocantes de arroz.

Lapa: agito no topo do Selina

Perto dali, no burburinho da Lapa, o hotel Selina – rede internacional voltada ao público jovem, e famoso pelo clima festeiro de suas unidades – é um dos poucos rooftops do Rio que não estão de frente para o mar. Mas, a vista é igualmente especial, com os Arcos da Lapa ao fundo, além dos prédios do Centro, bonito complemento urbano ao programa, embalado por DJs e o público, majoritariamente de turistas, do Brasil e do exterior. No The Rooftop, nome do bar, tem festa todo dia, e o cardápio é curto, mas ali são servidos burgers bem cotados, que são a melhor pedida. (Em Copacabana também existe uma unidade do Selina, onde podemos começar o dia com um belo café da manhã, ou então ir no menu de almoço, e mesmo na happy hour, com DJs e carta de drinques assinada por Lelo Forti, um dos mais premiados bartenders do Rio: é sempre bom reservar).

No Yoo2 tem música ao vivo

Assim como no Xian, a vista do Yoo2 é das mais privilegiadas, com o Pão de Açúcar em destaque, de um lado, e o Corcovado, de outro. Assim como no Selina, esta rede igualmente tem foco no público mais jovem, e o clima também é de festa – lá, porém, o espaço está aberto de tarde, e é famosa e concorrida a happy hour naquele terraço, que também foi batizado de The Rooftop. O local é relativamente pequeno, e cada dia da semana tem uma programação diferente, incluindo shows intimistas, de nomes como Theo Bial, além de promoções, de drinques e comidas: é recomendável fazer reserva, pois costuma ficar lotado.

Brewteco: de frente para o Pão de Açúcar

Seguindo a mesma calçada, o Botafogo Praia Shopping identificou essa tendência, e em parceria com uma marca de cervejas abriram no topo do prédio uma unidade do Brewteco, que tem uma grande quantidade de torneiras de chope dedicadas, sobretudo, às marcas cariocas, incluindo uma série de rótulos próprios, que desde o meio de novembro são produzidas na fábrica da marca, na Lapa. Muitos vão lá no chamado Terraço Botafogo só para fazer fotos, e a fila de espera, sobretudo para mesas junto à parede de vidro, quase sempre existe. Quinta e domingo tem roda de samba, já nas sextas e sábados são os DJs que comandam as caixas de som.

Atravessando o Túnel Novo em direção ao Leme e Copacabana encontramos a orla mais cheia de opções para os que querem comer e beber apreciando a paisagem do mar carioca. Mesmo quem não está propriamente na orla, como o Novotel do Leme, consegue atrair o público. Neste caso, o hotel se vale da altura do prédio: no 21º andar está o Sky Leme, praticamente sobre o forte, com mesinhas baixas enfileiradas junto ao parapeito de vidro, os lugares mais disputados. Há dias com festas pagas, que acontecem ao longo do mês, sobretudo aos sábados e domingos. As informações são divulgadas nas mídias sociais.

No alto do Hilton, alta gastronomia

Na esquina da Avenida Atlântica com a Princesa Isabel, o Hilton hotel tem um dos ambientes mais exclusivos, no alto do prédio: só com reservas não-hóspedes conseguem acesso ao Isabel Lounge, a partir das 18h. O espaço oferece, além da vista panorâmica, um menu de alta categoria, criado pelo argentino Pablo Ferreyra, que criou pratos que valorizam ingredientes nacionais, onde encontramos receitas como tempurá de palmito, escondidinho de carne-seca e um bom picadinho à moda carioca. Uma boa pedida é ir no menu degustação, com três pratos, que o cliente pode escolher.

Seguindo a orla de Copacabana, a rede Marriott anuncia que, em dezembro, vai lançar um menu para o terraço, aposta do hotel para 2024 – mas ainda fazem mistério sobre o assunto.

O restaurante do Emiliano só abre de noite e com reservas

O Emiliano, por sua vez, acaba de lançar o novo menu do restaurante Rooftop, criado pelo chef Camilo Vanazzi – cozinheiro talentoso e intelectual, Mestre em História e Cultura da Alimentação pela Universidade François Rabelais de Tours, na França. Aberto a não-hóspedes nas noites de quarta a sábado, a partir das 19h, a cozinha tem uma proposta descontraída, que explora uma combinação de ingredientes frescos, leves e ricos em sabores que atiçam o paladar, com pratos individuais e para compartilhar, dentro de uma concepção saudável, que prioriza produtos orgânicos, ingredientes da estação e peixes e frutos do mar frescos. Ali, encontramos aspargos marinados com coalhada seca temperada com kimchi, picles de nabo, croquete de abobrinha e azeite de ervas; e couve-flor braseada com fonduta de cogumelos, leite de amêndoas e amêndoas laminadas. Perfeito para dividir. Para o prato principal, há camarões VG crocantes com casarecce na manteiga de sálvia e queijo Canastra do Serjão; miniarroz negro vegano com espinafre, queijo vegano e azeite verde e a Pesca da Costa Verde inteira assada, com o peixe fresco do dia, ao aroma de dill e limão siciliano, perfeito com o purê de baroa com wasabi.

Junto ao Forte de Copacabana, o Fairmont não tem exatamente um rooftop, mas o terraço junto à piscina também oferece ótima vista para a orla, localizado no sexto andar, onde está o excelente restaurante Marine.

No Leblon, Janeiro Hotel começou em setembro (e vai até janeiro) uma temporada de jantares especialíssimos, no restaurante pop-up Om.akase, que vai funcionar por esse tempo limitado na cobertura do prédio, na praia do Leblon. Unindo arte e gastronomia, todos os pratos serão servidos em louça muito especial: são peças de cerâmicas criadas e selecionadas pela artista japonesa Hideko Honma. Em dezembro, nos dias 7, 8 e 9, um talento que vem despontando neste cenário, Toshi Kawanami, do Yunagi Edomae-Zushi, é quem comanda a cozinha, explorando a sua especialidade: o sushi tradicional japonês. Já em janeiro, o evento se encerra, em dose dupla: primeiro, o chef Anderson Haruo, do Oue Sushi, em Alphaville, prepara os jantares dos dias 11, 12 e 13. Para terminar a série, Telma Shiraishi, do restaurante Aizomê, vem ao Rio nos dias 25, 26 e 27. As reservas são realizadas antecipadamente através do site do projeto omakase.janeiro.rio (https://omakase.janeirohotel.rio).

Rã no L’Etoile, no Sheraton: clássico da casa

Encerramos nosso roteiro subindo até o último andar do hotel Sheraton Leblon, na Avenida Niemeyer. Lá funciona o restaurante L’Etoile, com cozinha de espírito francês e alma panamericana, que tem como executivo Jean-Paul Bondoux, há muitos e muitos anos se revezando entre Buenos Aires e Punta del Leste. De manhã, o espaço é exclusividade dos hóspedes das alas de luxo do hotel que podem tomar lá o café da manhã desfrutando da preciosa vista, que pega as praias de Ipanema e do Leblon.

O restaurante só abre de noite. O cardápio muda regularmente, e foi lançado um novo há pouco tempo. Certamente, o L’Etoile está entre as melhores cozinhas do Rio. Há desde pratos “tombados”, como as patinhas de rã à provençal, receita de família do cozinheiro francês, a criações da equipe, hoje liderada pelo chileno Juanjo Garcia Molina. Ele prepara pratos como o tiradito, com peixe fresco do dia, além de avocado fatiado, emulsão de leite de tigre verde, levemente apimentado, engrandecido com ovas de tobiko bicolores; o crudo de vieiras canadenses, imersos em beurre blanc emulsionada com folhas verdes, gel de caju, cítricos confitados, tartar de funcho e limão fermentado; o tartare de black angus, maionese de kimchi, e coroada com gema de ovo; e La Bouillabaisse, a sopa dos marinheiros e pescadores de Marselha, um clássico da cozinha portuária do Sul da França, que surge em versão desconstruída. As sobremesas, criadas pela chef patissier Elena Yepes, são leves e delicadas, com apresentação caprichada. Vale (muito) a pena apostar no menu degustação em sete etapas, mostrando porque o restaurante vem ganhando alguns prêmios e reconhecimentos nos últimos anos.

Porque, mais do que nunca, está valendo demais a pena pegar o elevador para comer e beber no Rio. A vista é de graça.