CARNAVAL 2024: A MAIOR DE TODAS AS FESTAS JÁ COMEÇOU

A Beija-Flor vai levar “Um delírio de Carnaval na Maceió de Ras Gonguila” para a Avenida

Aydano André Motta

‘Ah, mas o Carnaval é só lá em fevereiro, mal começou festa junina, nem chegou o inverno, peraí…” Sabe de nada, inocente! As escolas de samba concluíram a escolha dos enredos, a primeira parte do longo processo que vai desembocar, lá na frente, no desfile do Grupo Especial. Vem aí mais um ano de temas engajados, conectados ao universo dos bambas e temperados com o espírito crítico que virou identidade da maior festa brasileira.

Conheça agora o cardápio dos assuntos que vão ocupar a Passarela do Samba nas noites/madrugadas de 11 e 12 de fevereiro de 2024.

* Um novo delírio em busca do bi: Imperatriz Leopoldinense
“Com a sorte virada pra lua, segundo o testamento da cigana Esmeralda”. A atual campeã tentará o bi com novo delírio, sobre ensinamentos para compreender os sonhos ou a sina das pessoas. Um grupo de ciganos adotou os dizeres do testamento para espalhar festa, música, circo e dança pelo Brasil.

* De Niterói para Daomé: Unidos do Viradouro
“Arroboboi, Dangbé”. A energia do vodum serpente, força que se manifestou no reino do Daomé, em África, conduzirá a poderosa escola de Niterói pela Sapucaí. Criado por Tarcisio Zanon e João Gustavo Melo, o enredo visitará a nação Jeje do candomblé.

* A pureza da resposta das crianças: Unidos de Vila Isabel
“Gbalá – viagem ao templo da criação”. A história ancestral, narrada às crianças, ensina que Olorum solicitou a Oxalá a criação da Terra, os homens e as outras espécies, para uma vida em perfeita harmonia. Apresentado originalmente em 1993 pela escola, o enredo volta agora, acrescido da reflexão sobre “pensar os males que os humanos fazem e a chance de salvação pela candura das crianças”.

* Desafiando o espaço e o tempo: Beija-Flor de Nilópolis
“Um delírio de Carnaval na Maceió de Ras Gonguila”. A deusa nilopolitana promoverá o encontro inédito de personagens reais de Maceió, Nilópolis e da Etiópia, guiados pela luz dos encantados e da ancestralidade, no ritmo dos folguedos das Alagoas. O carnavalesco João Vitor Araújo criou delírio que desafia o espaço e o tempo, como somente o Carnaval pode materializar.

* Viva a vida de Alcione!: Estação Primeira de Mangueira
“A negra voz do amanhã”. A verde e rosa atendeu antigo desejo de sua comunidade e vai homenagear Alcione, mas com o olhar para o futuro. As crenças que pautam sua caminhada serão o alicerce da narrativa, desde o Maranhão até a Mangueira do Amanhã, a escola mirim verde e rosa, criada pela artista.

* Todos amigos da onça: Acadêmicos do Grande Rio
“Nosso destino é ser onça”. A partir do livro mítico do escritor Alberto Mussa, a tricolor de Caxias vai propor reflexão sobre a simbologia do felino no cenário artístico-cultural do país, passeando por antropofagia e encantaria. Um relato alegórico de permanente devoração, produzido pela incrível dupla Leonardo Bora e Gabriel Haddad.

* Um tributo aos Yanomamis: Acadêmicos do Salgueiro
“Hutukara”. A mitologia Yanomami vai passar com a vermelho e branco na Sapucaí, numa defesa inegociável da Amazônia. A palavra-título significa “o céu original a partir do qual se formou a terra” e define o tema da escola.

* Salve o navegante negro: Paraíso do Tuiuti
“Glória ao almirante negro!” Louvação a João Candido, o marinheiro que se insurgiu na luta contra os maus-tratos aos colegas. A escola apresentará mais uma história de resistência e libertação do povo preto do Brasil.

* Lendas de além-mar, com certeza: Unidos da Tijuca
“O conto de fados”. A escola do pavão viajará a Portugal para, em clima de encantamento, desfiar fatos, mistérios e lendas que pairam sobre a formação de nossos colonizadores. O gênero musical típico do país será a base do enredo.

* Celebração das mães negras: Portela
“Um defeito de cor”. A dupla de carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga se inspirou na obra homônima de Ana Maria Gonçalves para criar outra perspectiva da história, refazendo caminhos de Luisa Mahim. Assim, a escola planeja celebrar as negras mães do Brasil.

* Enredo secreto e tropicalismo: Mocidade Independente
Decisão judicial provisória, atrelada ao processo eleitoral da Estrela Guia da Zona Oeste, impede a divulgação oficial do enredo. O que se sabe é que a inspiração é a Tropicália, à moda do que a escola fez nos anos 1980, com referência a artistas como Torquato Neto.

* Sabedoria de almanaque: Unidos do Porto da Pedra
“Lunário Perpétuo: a profética do saber popular”. Doze anos depois, a escola do Tigre voltará a representar São Gonçalo no Grupo Especial, com enredo sobre o almanaque que guardava saberes de medicina, agricultura e pecuária, produzido na Espanha medieval. A obra foi dos primeiros livros a chegar ao Brasil, e se popularizou em especial entre os nordestinos.