Caroline Rocha
U ma entrada quase escondida na lateral da Rodovia Governador Mário Covas, a cerca de dez minutos do Centro Histórico, leva a um refúgio em Paraty feito sob medida para quem busca escapar do ritmo frenético da cidade grande. A alguns quilômetros do burburinho de visitantes e turistas empolgados com o casario branco, janelas coloridas e ruas de pedra, revela-se uma pousada erguida “na vertical” e encravada na Mata Atlântica, com acesso a pé a uma praia particular, sabores da culinária local, visita de miquinhos curiosos e um cenário de perder o fôlego.
Fundada em 2015, a Pousada Casa Luz revela uma Paraty diferente da tradicional. Cercada pela vegetação densa de um dos trechos mais ricos e preservados da Mata Atlântica no Brasil e vizinha ao vilarejo de pescadores da Praia Grande, o ritmo ali é ditado pela natureza, com luz do sol e brilho da lua entrando pela janela, e som do mar e canto dos pássaros como trilha sonora.
As acomodações acompanham a inclinação da montanha. No topo, a casa principal reúne oito suítes, algumas delas com vista panorâmica para a Baía de Paraty. Durante o dia, a luz do sol reflete na superfície da água e transforma o mar em um tapete cintilante. Já à noite, a lua e o céu estrelado compõem uma cena que parece saída de uma pintura.
É essa também a moldura do restaurante Pindorama, do tupi-guarani, “terra das palmeiras”. Comandado pelo chef Rafael Morente, o restaurante é uma atração à parte. O cardápio celebra a culinária brasileira, com ingredientes não convencionais do bioma local. Destaque para a Releitura do Peixe Azul Marinho, patrimônio imaterial e cultural da cultura caiçara. A receita combina peixe cozido em caldo de mexilhão com banana verde, farofa de urtiga e harumaki de paçoca de banana. A preocupação com o frescor se repete em pratos como o Vatapá com Camarões Flambados, Quiabo Grelhado e Castanha de Caju. A delicadeza dos camarões contrasta com o sabor dos crustáceos comuns no mercado, geralmente importados e congelados por dias em containeres, conquistando até quem diz “não gostar” do ingrediente. Aos visitantes de primeira viagem, recomenda-se o “Menu Ancestral”, que homenageia os povos originários do Brasil (indígenas, quilombolas e caiçaras) por meio de pratos que contam um pouco da história do país.
A mesma filosofia se estende ao café da manhã, já incluso na hospedagem. Frutas da estação, pães frescos e geleias artesanais compõem a mesa. Quem chega cedo costuma dividir a refeição com visitantes inesperados: macaquinhos que saltam pelos galhos ao redor e, curiosos, se aproximam dos hóspedes.
Alguns degraus abaixo, na área apelidada de Zona Zen, estão os Studios — acomodações mais amplas, com cozinha equipada e atmosfera de casa. O nome, dado por uma das sócias, a arquiteta Natássia Figueiredo, reflete o espírito do espaço: é naquela região que ficam o estúdio de yoga, a sala de massagem (é quase um crime sair de lá sem aproveitar a técnica indiana Abhyanga) e a rede de descanso. “A proposta essencial da Casa Luz é reconectar as pessoas à própria essência. É compartilhar o tempo com quem está ao lado, comer sem pressa, olhar o mar e valorizar o ócio”, resume a arquiteta de 38 anos.
Ao lado, uma piscina de borda infinita com espreguiçadeiras ótimas para aproveitar o sol da manhã ou admirar o céu alaranjado de fim de tarde. A piscina está a cerca de 30 degraus abaixo da casa principal. Apesar da distância, é possível desfrutar das delícias do Pindorama, que também são servidas ali. Destaque para o drink Jorge Amado, clássico da cidade feito à base de cachaça, maracujá e mel. À noite, casais apaixonados podem reservar o espaço para jantares românticos ou pedidos de casamento.
Descendo mais alguns degraus, chega-se ao ponto alto da Casa Luz: uma praia privativa escondida entre pedras e árvores da Mata Atlântica. De lá, é possível remar de stand-up paddle, explorar as ilhas próximas de caiaque ou simplesmente mergulhar no mar azul claro. “Aqui é maravilhoso, simplesmente lindo. Não tenho palavras para descrever esse cenário”, resume a norte-americana Mika. Ela escolheu o Bangalô, localizado em frente à faixa de areia, próxima a um riacho que deságua no mar, para se hospedar com a amiga de infância Vitória em uma viagem em comemoração aos mais de 10 anos de amizade.
A proximidade entre as acomodações e a praia permite mergulhos logo cedo, para despertar o corpo, ou banhos revigorantes no fim da tarde. Em média, a pousada recebe cerca de 400 hóspedes por mês, número que dispara em períodos de alta temporada, como Ano Novo e Carnaval. A estadia, no entanto, exige fôlego: a longa escadaria percorre o que antes era uma trilha, o que pode ser um desafio para idosos e não é aconselhada para pessoas com dificuldade de locomoção.
DESTINO PARA CASAIS E MULHERES
A Casa Luz é o destino ideal para casais em busca de um clima romântico e mulheres que viajam sozinhas, já que é possível permanecer dias inteiros ali com segurança e sem cair na monotonia. Além disso, no geral, a cidade é hospitaleira e segura para turista.
Fora dos limites da pousada
Fora dos limites da pousada, os mais aventureiros podem se lançar em mergulhos com tartarugas marinhas, peixes coloridos e recifes de corais na Marina do Engenho, a cerca de 20 minutos de carro. As experiências no mar incluem ainda passeios de barco, lancha ou traineira — embarcação típica da região, tradicionalmente usada na pesca.
Para quem prefere ficar em terra firme, a região oferece trilhas e cachoeiras como a Cachoeira do Melancia, considerada uma das mais belas de Paraty e da Costa Verde. Outra opção é um City Tour pelo Centro Histórico, percorrendo as clássicas ruas de pedra.
Essas e outras atividades podem ser intermediadas pela equipe do hotel.
Como chegar
Chegar à Casa Luz pede um pouco de planejamento, mas nada que atrapalhe a diversão. Dá para chegar pela Rodoviária de Paraty e pegar um carro de aplicativo, mas o jeito mais fácil mesmo é ir de veículo próprio. Quem não tiver carro, pode contatar um motorista local para levar e trazer — vale só ficar de olho nas tarifas, que podem ficar um pouco salgadas dependendo da época, como no período da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). O sinal de celular e internet na região não é dos melhores, então apps de transporte podem ser complicados. Dentro da pousada, entretanto, o Wi-Fi cobre todas as áreas, incluindo as mais próximas da mata.
Preços
Os preços das acomodações ficam entre R$ 700 e R$ 1500 e valem o custo-benefício. Os quartos são extremamente limpos, a água do chuveiro bem quentinha (maravilhoso para o frio que pode fazer à noite), vistas incríveis, camas super confortáveis e cobertores macios. O custo de alimentação pode ser alto caso toda a refeição seja feita no restaurante Pindorama, mas a experiência gastronômica compensa. Entradas começam em R$ 48, pratos principais a partir de R$ 116 e drinks a partir de R$ 32,30. A recomendação é alternar entre o Pindorama e restaurantes do Centro Histórico.A Casa Luz é o destino ideal para casais em busca de um clima romântico e mulheres que viajam sozinhas, já que é possível permanecer dias inteiros ali com segurança e sem cair na monotonia. Além disso, no geral, a cidade é hospitaleira e segura para turista.
Fora dos limites da pousada
Fora dos limites da pousada, os mais aventureiros podem se lançar em mergulhos com tartarugas marinhas, peixes coloridos e recifes de corais na Marina do Engenho, a cerca de 20 minutos de carro. As experiências no mar incluem ainda passeios de barco, lancha ou traineira — embarcação típica da região, tradicionalmente usada na pesca.
Para quem prefere ficar em terra firme, a região oferece trilhas e cachoeiras como a Cachoeira do Melancia, considerada uma das mais belas de Paraty e da Costa Verde. Outra opção é um City Tour pelo Centro Histórico, percorrendo as clássicas ruas de pedra.
Essas e outras atividades podem ser intermediadas pela equipe do hotel.
Como chegar
Chegar à Casa Luz pede um pouco de planejamento, mas nada que atrapalhe a diversão. Dá para chegar pela Rodoviária de Paraty e pegar um carro de aplicativo, mas o jeito mais fácil mesmo é ir de veículo próprio. Quem não tiver carro, pode contatar um motorista local para levar e trazer — vale só ficar de olho nas tarifas, que podem ficar um pouco salgadas dependendo da época, como no período da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). O sinal de celular e internet na região não é dos melhores, então apps de transporte podem ser complicados. Dentro da pousada, entretanto, o Wi-Fi cobre todas as áreas, incluindo as mais próximas da mata.
Preços
Os preços das acomodações ficam entre R$ 700 e R$ 1500 e valem o custo-benefício. Os quartos são extremamente limpos, a água do chuveiro bem quentinha (maravilhoso para o frio que pode fazer à noite), vistas incríveis, camas super confortáveis e cobertores macios. O custo de alimentação pode ser alto caso toda a refeição seja feita no restaurante Pindorama, mas a experiência gastronômica compensa. Entradas começam em R$ 48, pratos principais a partir de R$ 116 e drinks a partir de R$ 32,30. A recomendação é alternar entre o Pindorama e restaurantes do Centro Histórico.