Bruno Agostini
Ontem, pouco antes do meio-dia, já havia algumas pessoas na porta do Bistrô Glória, que estava prestes a abrir ao público. Outras passavam, e perguntavam se seria a inauguração prometiam voltar logo. Dava para ver a equipe, liderada por Leonardo Rezende, o sócio e idealizador da casa, fazendo o briefing através da fachada toda envidraçada. Eu estava entre os que aguardavam, e como o primeiro a chegar, fui o primeiro a ser conduzido ao salão, que tem paredes e tetos espelhados, quadros em preto-e-branco e garçons uniformizados com avental, colete e gravata. As mesas podem ter tampo de mármore ou madeira, e as cadeiras têm assento de couro verde. Sentimos que tudo está tininho de novo, mas há um claro clima de nostalgia no ar, remetendo ao século passado, claramente a inspiração do conceito, incluindo a decoração. Chama a atenção, ao fundo, o bar, com uma adega bem grande com portas de vidro. É um lugar bonito, e recebi algumas mensagens privadas de amigos reforçando essa minha impressão.
Em 15 minutos já dava para contar mais de 20 pessoas acomodadas no salão do mais novo restaurante do Rio, no coração de Ipanema, a Praça Nossa Senhora da Paz. Já havia curiosidade a respeito da casa, que já tinha aparecido para muita gente nas mídias sociais durante as noites para convidados. Acompanhando as informações, eu já sabia muito do lugar, que eu acredito ter tudo para fazer sucesso: o chef é talentoso, Ignácio Peixoto já passou pelo grupo Irajá, pelo Bagatelle e também pelo grupo Best Fork, comandando o pan-asiático Xian. Sua cozinha conheço bem, e tem consistência. O cardápio parece bem interessante. Além de tudo, é fácil perceber que se trata de um projeto desenhado com muito carinho e cuidado por Leo Rezende, o principal nome por trás de lugares como o Informal (já fechado), o Spicy Fish, a Pici Trattoria, o Posí Mozza e Mare e o Roi Mediterranée, este em São Paulo, entre outros. A novidade ocupa o imóvel do Oia, um grego-mediterrâneo.
Aproveitei que tinha um almoço marcado para 13h no Esplanada Grill e resolvi chegar mais cedo a Ipanema, para dar uma espiada no Glória. “Vou beber uma taça de vinho branco e petiscar uma ou duas coisinhas, para depois voltar com calma na próxima semana”.
Gosto de ir aos novos lugares logo na inauguração, não para avaliar a cozinha e o serviço, mas para fazer o que faço agora: contar um pouco a respeito da casa, apresentar o menu e mostrar algumas fotos.
Recebi o menu, e pedi uma taça de vinho branco. Já estava folheando o menu, e já havia até decidido o que pediria para comer, quando chega uma garçonete:
– Boa tarde, o senhor conhece o conceito da casa? Somos um bistrô francês, mas com sotaque dos imigrantes, que ao longo do tempo tanto agregaram à cultura do país, incluindo a gastronomia – resumiu a moça.
E é disso que se trata. Eu pedi oeufs mayo, algo que percebo estar na moda, aqui e lá fora, considerando suas muitas variações, como deviled eggs, os ovos mimosa. Junto de dois ovos cortados ao meio, com uma espécie de molho golf, uma maionese rosada, com croûtons e ciboulette. Vem num prato vintage, como era de se esperar. Também fui de nuggets, em parte estimulado pelos molhos, de wasabi, de gochujang, de mostrarda Dijon e de trufas negras, servidos em simpáticas bisnaguinhas. A fritura crocante e os molhos me fizeram mandar fotos para filha, dizendo: “você vai gostar daqui”.
O cardápio não é extenso, e as comidas estão apresentados em uma única página. “Les Entrées” são divididas entre frias e quentes. Na primeira coluna, além dos oeufs, temos tartares de carne, de salmão e de atum, além de um trio libanês, com homus tahine, babaganoush e coalhada seca. Na segunda, temos crocantes de abobrinha com limão siciliano e flor de sal, bolinhas de queijo (brie) com mel de acácia, sanduíche de pastrami e “pizzette aux champignons trufées que dispensam tradução”.
Há três saladas: a da casa, com folhas, tomatinhos e amêndoas; Caesar e de chévre chaud (ou seja, de queijo de cabra gratinado). No boxe chamado “Les Plats” encontramos dez opções, com destaque para o pastrami de Black Angus, que pode ser de peito ou de costela, e que acredito ser um item que fará sucesso. Há paillard de frango ao curry, milanesa de “boeuf”, peixe do dia com molho de limão e manteiga; peito de pato ao demi-glace; e steak frites, com molho béarnaise; além de um atum ao poivre. É possível pedir guarnições extras à parte, como arroz basmati, purê de baroa e creme de milho, além de molhos 0à escolha), legumes na brasa e fritas da casa, por exemplo. Por fim, um trio de massas e risotos, com tagliolini à la Cipriani, ao bechamel, com presunto royale; linguine de camarões ao beurre blanc e risoto de cogumelos trufados (Ipanema ama trufas).
Para encerrar, quatro sobremesas: mil folhas de banonofee (vai vender muito, acredito), mousse de chocolate com castanhas caramelizadas e flor de sal, profiteroles e cheesecake.
Do outro lado da página, as bebidas, com uma seleção de coquetéis, entre receitas autorais e uma lista de clássicos imortais. Dia desses sentarei no balcão para provar alguns. Em dose, destilados e licores dão uma volta ao mundo, com direito a brandy de Jerez e Hennessy. A carta de vinhos, em iPad, tem muitos rótulos, também contemplando Novo e Velho Mundo.
SERVIÇO
Glória Bistrô: Rua Barão da Torre 340, Ipanema. Tel.: 21-99659-2271. Instagram: @gloria_bistro
